A realidade de uma pessoa com deficiência na TI gaúcha

Há alguns dias atrás recebemos o Ivan aqui na WK para um bate papo real sobre o contexto da TI e como ele se sente ao participar de processos seletivos sendo uma pessoa com deficiência.

Ivan Diesel é casado, tem três filhas, mais de 10 anos de experiência com Desenvolvimento de Software e é surdo.

Ficou interessado em saber um pouco mais sobre como é a experiência dele e como ainda temos um longo caminho para chegarmos perto da inclusão?

Então confira abaixo o nosso bate papo:

Como as empresas podem suprir a necessidade da falta de mão de obra qualificada num contexto de TI?

“Por mais que falte profissionais, aqueles que são PCD possuem dificuldade para ingressar no mercado. Já foi provado que diversidade gera maior lucro e produtividade.

Eu sonho em ser cientista, desenvolvedor, engenheiro e professor. Com mestrado em ciência de computação, trabalhei como professor e programador.

Mesmo assim possuo muita dificuldade de me recolocar no mercado.”

Como são os processos de seleção que você participa?

“Sempre perguntam como eu poderia me comunicar com colegas ouvintes. Isso é primeira fila de perguntas. Sempre respondo que a principal forma é a escrita. Felizmente muitos apps podem ajudar a comunicação tal como:

  • Hangouts;
  • Zoomus;
  • Whatsapp;
  • Telegram;
  • Qualquer app de chat.

Os gestores são uma grande barreira, pois acabam decidindo por um não PCD. Provavelmente mudariam sua decisão se houvesse política de acessibilidade de PCD ou tivessem que cumprir uma lei federal.”

Até que ponto o fato de ter uma deficiência te atrapalha?

“Muitos colegas ainda não sabem que os profissionais surdos possuem uma dificuldade maior para entender a língua portuguesa do que ouvintes. Mas engana-se quem acha que só pessoas surdas devem aprender Libras.

Colegas de mesmo cargo, horário de função, pontualidade, atividade, até mesmo benefício, possuem salário maior. Não encontrei nenhum PCD com salário maior do que de ouvinte. Os gestores são fundamentais no processo de inclusão. Afinal, eles podem decidir e aceitar a contratação dos profissionais PCD.”

Concluindo

Começar a trabalhar com alguém que tenha algum tipo de deficiência em um time ágil não é fácil, realmente.

Traz diversos desafios para a conclusão de um projeto, muitas etapas tem que ser adaptadas. Mas a inclusão é necessária, principalmente em um contexto de falta de mão de obra qualificada.